Blog do Prof. Flávio Wilson

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Reflexão sobre o texto

Após a leitura do capítulo “Por que a relutância em escrever?” é possível concluirmos a existência de não apenas uma “crise” no processo da escrita, mas de várias. A autora fundamentou seus argumentos trazendo para seu discurso outros analistas dessa área tais como Faraco, Dimenstein, Philip Coombs, Soares, Bechara, Gracindo, Cagliari e outros. Vejamos algumas dessas ‘crises’ as quais vivenciamos em sala de aula:
I. “... desinteresse pela aprendizagem da língua por parte dos alunos” e a escola desde a sua base, pouco articula o ensino às “situações reais de comunicação fora dela”, contribuindo para que o aprendiz sinta aversão à produção escrita; as conseqüências são alunos “sem luz”, no sentido real da origem da palavra (a= não e luno/luce=luz - ).
II. Outra “crise” apontada pela autora é “que poucos entendem o que leem” e até já se fala que vivemos “uma crise cognitiva” (Dimenstein, 2000). O resultado dessa situação é o surgimento de alunos incapazes “de estruturar adequadamente um texto” (Rocco, 1984); Segundo Faraco, alguns chegam ao ensino superior com “acentuadas dificuldades de expressão oral e escrita”; “pouca ou nenhuma leitura”, seja de mundo ou do hábito de ler; ou seja, eles apresentam a infeliz “incapacidade de interpretação de texto”; resultado, o estudante se sente pouco à vontade de escrever (produzir) seus próprios textos.
III. Segundo Philip Coombs, “os sistemas de ensino estão em crise”. Ele elenca algumas causas que se interrelacionam: “aumento da demanda de vagas nas escolas” sendo que os respectivos recursos para atender a essa demanda são retidos, desviados ou mal empregados. Falando claramente, falta vontade política para viabilizar o atendimento às pessoas que se utilizam do sistema educacional público; a outra causa é “inadequação do que se ensina;” fiquei surpreso em saber que estou ensinando para os meus estudantes alguns assuntos pertencentes à grade curricular do século XIX! Principalmente os livros de leitura com vocábulos que a cada parágrafo lido o aluno tem de ir ao dicionário para entender o que lê. “Os métodos, os meios de formação e recrutamento de professores também são inadequados e estão ultrapassados para os termos de uma sociedade em mudança”. Ultimamente (desde 2008 com as 10 metas ‘propostas’ pelo governo estadual) é que ouvimos falar de um recrutamento de professores mais eficaz no qual o profissional se prepara num período de quatro meses após ter sido classificado em determinado concurso público. Acredito que seja como na polícia militar, pois o soldado passa por um processo de aprendizado real (academia). Esperamos que seja efetivado esse importante procedimento. Todavia, que o profissional da aprendizagem que já esteja atuando, com eu, tenha mais tempo para o estudo (formação continuada), planejamento e aprimoramento das aulas. Há inclusive uma Lei federal que regra a respeito desse maior tempo para o professor aprimorar sua prática pedagógica na escola, porém, fora da sala de aula.Diante dessas causas e de mais outras, constata-se dura e friamente o seguinte quadro no ensino de Língua Portuguesa: “... de um lado professores muitas vezes, impotentes (excesso de trabalho/tarefa+atividade X tempo escasso)” e de outro, “estudantes com baixo desempenho linguíistico (desmotivação para leitura, indiferença da família, escola pouco atrativa...)” até mesmo numa mesma sala.
Acredito que os possíveis caminhos para aulas de redação significativas sejam os professores de diferentes disciplinas articularem entre si e propuserem temas em comum a essas disciplinas e aos poucos apresentassem aos estudantes, preparando-os para um momento oportuno produzirem seus próprios textos. É isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário